sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Vamos nos inspirar, férias!


Texto publicado no Jornal Opinião dia 14/12/12 

       
        Meados de dezembro, parece que Beltrão pára. Grande parte dos órgãos públicos entram em recesso, várias fábricas, lojas e clínicas vão entrando em férias coletivas, o fim do ano letivo das escolas públicas termina hoje,... Os pacientes, ansiosos, estão comentando quase que num coro: “estou cansado (a), não vejo a hora que cheguem as férias”. Muitos vão a praia, outros viajarão para visitar parentes, enfim, parece que boa parte dos beltronenses está nesse clima. Mesmo os que apenas terão o recesso de fim de ano.
        Férias é o tempo do diferente. É tempo de sair da rotina maçante do dia a dia, de acordar mais tarde, de descansar, ou  de se cansar fazendo aquela viagem que você sempre desejou, ou uma atividade que gosta. É tempo de se desvencilhar de responsabilidades, horários, compromissos.  É fazer nada, curtir o tempo sem culpa. Férias é tempo de abrir espaço para o novo:  ver, sentir, pensar coisas novas, estar em locais novos, com pessoas diferentes do usual. A liberdade e a despreocupação tornam as férias o tempo ideal para a inspiração.   
        Pois é, essa ansiedade para as férias não é exclusividade do beltronense ou do brasileiro. Elas são renovadoras e necessárias e em todo o mundo elas existem. Um exemplo interessante é a Inglaterra, onde professores universitários tem direito a férias de 1 ano a cada 7 anos, além das férias anuais. Professores precisam se inspirar, se reciclar, eles formam pessoas, e neste país eles sabem disso. Diversos escritores apóiam idéias desse tipo, a exemplo do italiano Domenio de Masi, um defensor do lazer e do apoio financeiro governamental para estudantes de nível superior e pesquisadores. Pois sabemos que, em geral, trabalho frenético + universidade = baixa produtividade + insatisfação. É preciso não apenas dedicação para esse ramo de atividade, como uma “cuca fresca”. 
       Portanto, excesso de trabalho pode roubar nossa capacidade de refletir e tempo mínimo também para o lazer.  Fim de ano, principalmente aqui em Beltrão, parece ser o tempo da ansiedade das férias de boa parte da população. Só vale lembrar que a capacidade de satisfação e de inspiração durante a rotina cotidiana também pode e deve existir, mesmo em circunstâncias desfavoráveis, e tudo vai depender da criatividade, bom humor, e competência para lidar com as intempéries. Domenico também fala nisso. Que venham as férias, o natal, e principalmente o ano novo, com uma rotina mais feliz e inspiradora para todos nós!     

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

“Há algum milagre para ser magra (o)?”


Texto publicado dia 30/11/12 no Jornal Opinião


      “Fechar a boca”, respondeu-lhe a amiga. “Ah, mas isso é impossível, eu adoro comer, principalmente doce...” – disse Joana, desanimada com dificuldade de emagrecer, ainda mais com a chegada do verão.

       O trecho acima poderia ser um começo de um conto, uma história qualquer, porém com um tema bem atual. Com a chegada do verão, as queixas em relação a estética e principalmente sobre as “gordurinhas extras” aumentam consideravelmente no consultório, em sua maioria advindas do público feminino. Percebemos como as mulheres se preocupam, ficam ansiosas, as vezes sem sono e até deprimidas, por não estarem satisfeitas com seu corpo. “Como poderei colocar um biquíni?”, dizem muitas... Será que existe uma receita milagrosa? Será que para ser magra é preciso fechar mesmo a boca e viver com fome? Será que preciso fazer uma cirurgia bariátrica se eu quiser ser magra?”

      Gostaria de compartilhar com os leitores algumas sugestões básicas que sempre dou as minhas pacientes desejosas por emagrecer. É preciso esclarecer, primeiro, que cada uma de nós tem um biótipo físico. Podemos dizer que há 3 biotipos, aquele da “magra e longínqua”, mais incomum, que em geral são aqueles das modelos, que não precisam se esforçar para emagrecer; há o biótipo da “baixinha e parruda”, o mais comum da mulher brasileira, típico de bailarinas e dançarinas, que são daquelas mulheres com facilidade em ganhar músculos, mas que também podem ganhar uns quilos a mais após certa idade se não se cuidarem; e há um biótipo médio, que são das mulheres de altura média e que também teriam um peso médio.  É preciso descobrir qual o seu biótipo e aprender a respeitá-lo. Todos eles têm alguma vantagem e desvantagem. E todos têm a sua beleza.
      Existe milagre para ficar magra? Não. Desde “dietas de emergência” a uma intervenção mais drástica, como a cirurgia bariátrica (recomendada em casos mais extremos), só irão funcionar, se a pessoa fizer uma reeducação alimentar associada a exercícios físicos regulares. Isso não é novidade para você, certo? Pois é, essa é a velha e única fórmula para permanecer magra (e saudável). Até quem faz a cirurgia bariátrica volta a engordar, se não mudar esses hábitos. O problema é que as mulheres insistem em acreditar em remédios milagrosos e pílulas da internet, que - na verdade - são apenas um escape psíquico para o enfrentamento da dor de se sentirem menos aceitas devido a imagem que acham que tem (e que muitas vezes, nem tem). Sem contar que a comida também é escape para carências e frustrações, por isso a dificuldade que existe para se emagrecer, e a seriedade sobre este assunto.
      Entretanto, além da reeducação alimentar, é interessante que as pessoas possam por em prática mudanças na maneira de comer. Aqui no Sul, muitas vezes vejo que as pessoas comem rápido, e falam bastante durante as refeições. É preciso comer devagar; mastigar lentamente e bastante, saborear a comida (na segunda garfada, a pessoa já começa a se sentir saciada); colocar porções menores no prato, pois temos a tendência de querer comer tudo o que está nele;  e evitar falar, porque as vezes, conversando, a pessoa não se concentra na refeição e come mais do que deveria.
       Assim, podemos concluir que somente uma mudança nos hábitos de vida, ou seja, somente através de uma reeducação alimentar, agregada a exercícios físicos e uma mudança na maneira de comer, poderão não somente deixar as pessoas mais magras, como mais saudáveis. Se essas dicas não funcionarem, ou a sua dificuldade for muito grande em praticá-las, é recomendável buscar ajuda médica e psicológica.

sábado, 8 de dezembro de 2012

O natal mexe com as pessoas

Texto publicado dia 7/12/12 no Jornal Opinião

      
     Trabalhei cerca de três anos numa clínica psiquiátrica e noutra para dependentes químicos. No mês de dezembro, esses locais lotam seus leitos de internação. Para vocês entenderem melhor, em geral apenas pacientes graves chegam a ser internados. Os motivos são surtos psicóticos, crises de depressão profunda, tentativas de suicídio, episódios de mania (típico de bipolares) ou ainda de auto e hetero agressão (a pessoa corta ou fere a si ou a outros), etc. Em datas como o dia dos pais ou dia das mães, as clinicas também enchem. 
      Apenas por esse dado, já podemos imaginar o quanto a sociedade e suas datas festivas tem influencia em nosso lado emocional. As festividades coletivas, em geral, são demarcadas por “rituais de passagem”, que tornam aquele momento especial e único. Desde casamentos, formaturas, aniversários de 15 anos, até aos almoços do dia das mães, amigos secretos ou confraternizações de de fim de ano das empresas, ceia de natal e estourar o champagne no ano-novo – todos são momentos, de certa forma, que supõem a abertura de um novo ciclo (e o encerramento de um velho).  Finalizar etapas é quase sempre forte, e o início do novo também nos dá um frio na barriga.
     Porém, o fim do ano parece ser peculiar. A sociedade inteira se mobiliza: as ruas, praças, casas, instituições ficam enfeitadas; famílias, empresas, hospitais, igrejas, escolas, realizam confraternizações ou amigos secretos de fim de ano; recebemos o 13 salario, e economia ferve; as crianças querem se comportar para ganhar presente do papai Noel; todos parecem fazer reflexões, “o que fiz este ano?”, “o que desejo para o próximo”?; portanto, é uma época de ponderações, fantasia, encontros, fim e começo, presentes e abraços.
    Entretanto, não são todos que vêem flores no natal. Para não apenas algumas, mas várias pessoas, o natal pode ser uma festividade triste, chata ou hipócrita. Em geral, não é nada agradável “abraçar” alguém com quem se tem conflito, certo? Ou, se tivemos um ano difícil, nem sempre teremos muito o que comemorar nas festas de fim de não. Ou, ainda, se há lembranças de natais anteriores, como na infância, onde se padeceu de necessidades e conflitos, lembranças inconscientes podem afetar o desenvolvimento da alegria e celebração em nós.
     Por tudo isso, podemos dizer que o fim do ano mexe, e muito, com todos nós. Por mais excêntrica que uma pessoa seja, por mais que pareça não dar importância as festividades de fim de ano, ela se mobilizará. Tudo na vida tem o seu tempo, e nem sempre é no fim do ano que podemos resolver nossos conflitos pessoais, perdoar mágoas, fechar feridas, para dar lugar a esperança da renovação, e aos abraços sinceros no natal. Mas vale lembrar que a solução faz bem pra alma e, quanto mais demorarmos para fazê-lo, mais sofremos e adoecemos. Devemos curar o coração o quanto antes, não apenas para que possamos distribuir abraços no natal, mas em qualquer época do ano.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Cirurgia bariátrica se populariza, mas requer acompanhamento psicológico


Texto publicado no Jornal Opinião dia 16/11/12 e similar no Jornal de Beltrão dia 06/06/12


Faustão, antes e meses depois da cirurgia
      
       O volume de pessoas obesas que optam pela cirurgia bariátrica vem aumentando consideravelmente em Francisco Beltrão. Sei disso porque a frequência de pacientes no consultório em busca da avaliação psicológica (exigida pelo SUS e pelos planos de saúde para a realização do procedimento) só cresce. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde em abril deste ano, 49% dos brasileiros estão acima do peso. Não é à toa que a cirurgia vem se popularizando e que suas técnicas vêm se aprimorando. Vale ressaltar, contudo, que essa cirurgia é indicada apenas para casos de obesidade moderada a mórbida, ou seja, quando o paciente apresenta um IMC (índice de massa corporal) acima de 35,5. 
       No I Congresso Internacional de Psicologia da Tríplice Fronteira deste ano, foram apresentados trabalhos e pesquisas de doutoras em psicologia, que concluíram a necessidade tanto da avaliação, como também do acompanhamento psicológico pré e pós-cirúrgico, para uma maior chance de se obter  sucesso ao fim do procedimento. E a obesidade, de fato, é uma doença séria. É uma patologia crônica multifatorial, na qual a reserva natural de gordura aumenta, predispondo o obeso a uma série de doenças, tais como as cardiovasculares, diabetes, hipertensão, apneia do sono, depressão e dificuldades emocionais.
       E por que a cirurgia bariátrica requer uma avaliação e preparação psicológica? Primeiro, porque é um procedimento cirúrgico que afeta não apenas o estômago, mas a mente ou o emocional da pessoa.  Emagrece-se muito rapidamente – e ficar magro em três meses é uma mudança gigantesca.  A mente precisa ser preparada não apenas para viver nesse “novo corpo”, mas principalmente para a drástica redução da ingestão de alimentos, que durará no mínimo por um ano. 
       Explicando de forma simplória – a comida, simbolicamente, pode representar afeto — no primeiro contato com a mãe, o bebê mama, é aquecido, e assim se sente seguro e amado, e desde então nosso inconsciente pode associar a comida ao recebimento de afeto. Muitos obesos comem compulsivamente como forma de alívio de carências diversas. Portanto, tirar bruscamente um “cano de escape” psíquico pode levar o paciente a quadros ansiosos e depressivos graves e até a um surto psicótico. 
       A preparação psicológica vai ajudar o paciente a se conhecer melhor e a entender o papel da comida na vida dele, a fim de amenizar o impacto do comer pouquíssimo. Porque, se comer pouco ou certo fosse fácil, seríamos todos magrinhos. Além do mais, em geral, obesos têm baixa autoestima e sentimentos de rejeição e inadequação. A cirurgia bariátrica pode ser uma boa alternativa para tratar a obesidade enquanto transtorno orgânico, porém para o transtorno psíquico não existe cirurgia, e sim a força de vontade elencada pelo acompanhamento psicológico.                                                                                                                                                                                        

sábado, 24 de novembro de 2012

Dúvidas na escolha da profissão? Procure uma psicóloga!


Texto publicado no jornal Opinião dia 23/11/2012.
       

e agora?
         
          Para fazer escolhas acertadas na vida, sejam elas de qualquer ordem, podemos dizer que o  primeiro passo é se conhecer bem e, o segundo, ter uma boa maturidade. Porém, ter essas duas características aos 16, 17, 18 anos de idade, parece um tanto difícil, para não dizer impossível! A adolescência é uma fase de transição da infância para a vida adulta, em que o jovem está descobrindo e experimentando o que gosta ou não. É natural que não saiba lidar direito com algumas escolhas, ainda mais no momento de pressão do vestibular. Por isso, uma ajuda profissional pode fazer toda a diferença.

        
       Definir qual o curso que vai seguir é uma opção decisiva, que vai determinar não apenas o que jovem fará nos próximos anos de sua vida, como também lhe dará uma identidade: “fulano é engenheiro, sicrano é fisioterapeuta, beltrano é professor”... Ou seja, a profissão diz qual é a nossa “função” no mundo. O número de cursos não-acabados nas universidades é imenso, resultante de escolhas equivocadas por parte dos jovens. Algumas vezes, isso pode ser evitado, se houver uma boa orientação e apoio da família. 
        Em alguns casos, a orientação profissional feita por uma psicóloga também pode ajudar a adultos que estão passando por um momento de “reciclagem” em suas vidas: estão se reinventando e também querem mudar o ramo de sua atividade, e podem se sentir perdidos.
E como funciona a orientação profissional? Antigamente, as escolas (em geral privadas) realizavam testes vocacionais com os seus alunos. Hoje, são poucas as que oferecem, até por que não se aconselha a apenas fazer o teste em si, pois ele pode ajudar somente a delimitar a área de atuação mais favorável do indivíduo. Todavia, é preciso levar em conta que as profissões podem se combinar de várias maneiras, misturando várias ciências. 
       E, além disso, há outros aspectos do indivíduo que devem ser considerados. Personalidade, inteligência, capacidade de concentração, experiências, sonhos – acertar na escolha da profissão também implica analisar esses pontos. Assim, a orientação profissional é um processo que visa atender o jovem por inteiro, tanto na aplicação de testes para a compreensão das capacidades e individualidade, como facilitando até uma autodescoberta do indivíduo. 
      Portanto, havendo dúvidas na escolha profissional, não hesite em buscar o apoio da orientação profissional, um serviço oferecido exclusivamente por psicólogas. Além de evitar equívocos e perda de tempo, poderá auxiliar o jovem a entender quem é, o que deseja, e qual profissão lhe dará mais satisfação.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Diagnóstico X Tratamento psicológico


      Escrevi essas considerações dia 07/09/12...  
      
      "Confesso que sempre me deslumbrei com a área diagnóstica da psicologia. Diagnosticar personalidade, patologia, cognição e lá vai o trem, não é pra qualquer psicólogo. A aplicação dos testes exige o domínio do instrumento, um alto conhecimento psicológico, além da perspicácia e sensibilidade do olhar clínico. Sempre considerei e ainda considero "glamourosa" essa área. Minha primeira pós foi escolhida baseada nesse glamour, e lá fui eu fazer neuropsicologia clínica. E os anos passaram. E vi que, definitivamente, minha praia é outra.

       Não sei até que ponto estou em outra área pois meu talento é maior para ela, se por contingências ou se por escolha mesmo. O fato é que me especializei na área da clínica, trabalho nela desde os estágios da universidade, meu consultório é lotado, e tenho na maior parte dos casos, sucesso no tratamento dos pacientes. Faço o grosso, porque tratar o paciente exige paciência, tempo, estudo, carinho, compromisso. Quem diagnostica, acredito que tenha um perfil mais frio, porque a coisa acaba ali com a entrega do laudo, que vai ou para o psicólogo e/ou psiquiatra que o trata, ou para o juiz solicitante que precisa da avaliação para decidir se o sujeito pode ser solto da cadeia e se reintegrar a sociedade, e etc. A coisa toda acaba ali e o psicólogo diagnosticador nunca mais verá o sujeito na vida, avalia e pula fora, deixa o pepino para quem trata.

        E o negócio, minha gente, é que eu gosto de descascar um abacaxi. Amo um problema. Adoro um enigma, sou curiosíssima e não descanso enquanto não desvendo o mistério. Precisa dizer mais, como minha área poderia ser outra? ah, e eu gosto de gente. E de gente problemática. Gosto de almas profundas, sentimentos escusos e controversos, me interesso pela ambiguidade, e acima de tudo admiro a capacidade humana de se recriar e ser feliz. E eu gosto de trabalhar, amanhã é feriado nacional numa sexta feira, e vou fazer acompanhamento terapêutico e uma consulta de urgência. Ah, apareceu o serviço, eu abraço. Cada paciente que chega é uma aventura diferente.

        Tratar não tem glamour, vc ouve todo tipo de loucura, porcaria, sofrimento, promiscuidade, cava no âmago e nem sempre é bonito e nunca será simples. Fazemos cirurgias nos corações, mentes e almas... com palavras, gestos, silêncios. Cortamos, despedaçamos, desnudamos, costuramos, jogamos alcool nas feridas, as reabrimos várias vezes para "higienizá-las"... Todavia o que falta de glamour, sobra nos sorrisos reconstruídos ao fim do processo "doloroso" da psicoterapia. Tratar é libertador!"

sábado, 10 de novembro de 2012

“Paciente” ou “Cliente”?

         Texto publicado em 22/02/2013 pelo Jornal Opnião

       Na universidade, era quase um consenso entre os professores que o paciente do consultório de psicologia não deve ser chamado de “paciente”, e sim de “cliente”.
       Admito que não gosto, não concordo, nem pratico o uso da expressão “cliente”. O argumento dos professores pela preferência desta expressão, dizem, se dá pela origem da palavra – paciente vem de "passivo", e nossos mestres dizem que o paciente que faz psicoterapia deve ser “ativo”. Além disso, também se diz que “paciente” lembra médicos, remete a idéia de “doente”, numa condição passiva, a espera do tratamento.
        Ok. Mas vejam como penso e sinto. “Cliente”, para mim, remete a comércio. Eu sou cliente de lojas, bancos, academia, correios, restaurantes. O consultório de psicologia não é um mero serviço que se compra. Estudei 5 anos e meio o funcionamento da mente e tratamentos e atendo pessoas com distúrbios emocionais e/ou mentais. Não estou vendendo pipoca, liquidificador ou roupa, presto um serviço de saúde, de caráter preventivo, diagnóstico, e de tratamento. 
        Nossa relação com o paciente não é simplesmente uma relação de "compra e venda". Conhecer o outro em seu âmago nos torna íntimos, cúmplices, ainda mais se estão num momento frágil. Não entendo a pessoa que busca atendimento psicológico como um “cliente”, tive clientes quando eu vendia Avon. Essa pessoa é um paciente, alguém em situação de saúde vulnerável, que precisa de um atendimento especializado. Não é só corpo que adoece; não é só médico que tem paciente. Uma mente doente ou fragilizada precisa ser tratada, até para o corpo não adoecer junto, e vice-versa. 
         Psicologia é saúde, é ciência. Não é bate papo, “filosofia”, divã pra desabafar. Não vendemos ombro pra chorar, ouvidos e conselhos de revista Cláudia. Penso que quando chamamos nossos pacientes de “clientes”, estamos “vendendo” algo, como que supérfluo e dispensável - e o tratamento psicológico não o é. Quem faz uso de serviço de saúde é paciente. 

Bullying no trabalho: o que fazer?

Texto publicado no Jornal Opinião dia 26/10/2012 e no Jornal de Beltrão 15/05/2012

       
          “Agressão” vem do latim aggressione - ataque; agressão. Significa ferir, machucar, danificar, traumatizar. Há vários tipos de agressão, como a física, a verbal etc, todavia o interessante é notar que no dia a dia, no trabalho, é comum vivenciarmos situações agressivas, as quais por vezes nem percebemos. Estamos “engolindo” agressões e desrespeito como se isso fosse “normal”. Você acha que deve ser “normal” ser agredido?

          Sabe o mau humor do colega de trabalho? Ou aquela piada, pergunta ou comentário inconveniente? Ou ainda aquela pessoa (em todo lugar tem) que adora fofocar, mentir e causar intrigas? São por vezes agressões gratuitas, que podem ser bastante nocivas e minar a autoestima da vítima. Pessoas que cometem com frequência agressões gratuitas, em geral, apresentam recalques profundos e/ou um potencial perverso intenso. Alguns são psicopatas, porém não aqueles que “matam” literalmente, mas do tipo que “matam” aos poucos, torturando os outros psicologicamente (esse segundo tipo de psicopata é o mais comum). É a forma de prazer predileta deles. É dificílimo alguém que não seja um profissional, identificar esse tipo de psicopata, pois são habilidosos manipuladores. Pessoas sensíveis, de pouca auto-valorização e que costumam engolir tudo sem dar um pio, em geral, são seu prato preferido.

          E o que parecia uma piadinha inoportuna ou uma certa coação, na verdade, é um bullying. Ás vezes, chegam pacientes no consultório com uma vida tranquila e produtiva, que todavia convivem com alguém que tem prazer de lhes atormentar no trabalho. Essas pessoas acabam rendendo menos e atingindo níveis de insatisfação altos.  As vezes, a vida inteira da pessoa é afetada pois, é no trabalho, que passamos o maior número de horas. E sofre o empregado e o empregador. Daí a necessidade de toda empresa ter uma psicóloga em seu RH ou, ao menos, realizar uma consultoria psicológica — pessoas perversas acabam com o ambiente de trabalho e um psicólogo tem condições de identificá-las, o que evita prejuízos para ambos.

         E quais as consequências psicológicas da agressão em qualquer de suas formas? Sentimentos de humilhação e inferioridade; fobias; traumas; dificuldade de confiar nas pessoas e de se relacionar; desânimo; improdutividade; obesidade; entre outros. Agredir, ferir o outro, é algo muito sério, por isso, defenda-se! Valorize a sua pessoa. Busque argumentos, enfrente o agressor com um diálogo coerente e coloque a possibilidade de buscar autoridades (seja o chefe, a polícia, a justiça etc) para resolver a violência. Pessoas agressivas ou perversas temem autoridades e às vezes é a única forma de resolver uma perseguição. Imponha-se, mostre que você não deixa ninguém lhe pisar, e ele não pisará mais. Saia da posição de vítima. O outro só vai até onde permitimos.

Montando um consultório de psicologia


O ambiente do consultório de psicologia precisa ser agradável. Isso qualquer um sabe e, na verdade, se aplica a qualquer tipo de consultório. Mas em se tratando da área da psicologia, a importância é ainda maior.


O psicólogo não é o profissional que apenas "atende" pessoas em sofrimento, em angústia, ou em doença psíquica. O psicólogo as acolhe. Então, é preciso um ambiente acolhedor, aconchegante, organizado, limpo, cheiroso, bonito, bem localizado, refrigerado, seguro, silencioso, isolado acusticamente, iluminado na medida certa. O paciente precisa se sentir a vontade, e a primeira condição para isso é se sentir acolhido - e o preparo do ambiente certamente também vai contar para isso.

Um ambiente que atenda às expectativas acima citadas não é tão fácil montar, embora possa parecer, e muito menos barato. Além disso, o local deve ter a licença da vigilância sanitária e dos bombeiros, que são garantias de que respeita as normas de segurança brasileiras. Psicólogos recém-formados que pretendem abrir seu primeiro consultório, em geral, sofrem um pouco. É a insegurança da inexperiência, somada a falta de dinheiro comum a todo começo de profissão, ... Aluguéis, despesas e impostos são caros, o tamanho das salas está cada vez mais reduzido, poucas tem um isolamento acústico e iluminação satisfatórios,... Sem contar a mobília, os acessórios afins, tais como o ar condicionado, a impressora, o netbook, os brinquedos, etc e o material científico, que são os testes.

basiquinho...
A minha intenção com esse texto não é fazer um estudante da área ou um recém-formado desanimar. É delicado começar numa sala em condições ideais e a realidade é que muitos consultórios deixam a desejar em vários desses fatores. Pode ser delicado, mas não é impossível! A criatividade vai contar bastante também na redução de custos, assim como o bom gosto. Você pode pedir aquelas poltronas antigas da sua avó, e reformá-las, por exemplo. Podem ficar bem modernas e sairão bem mais em conta. Você pode ir aos móveis usados e achar uma mesa bacana, prateleiras bonitas, um espelho simples, um abajour diferente, e tudo sairá mais barato e, se bem combinados, vão deixar seu consultório charmoso, até com um toque original.

mesa em L, original
Outra dica é conversar com os parentes e amigos próximos, para saber se podem colaborar te presenteando com algum objeto, inclusive usado. Sua mãe não quer mais o tapete da sala? Aproveite-o. Tem uma tia costureira? Peça-lhe que faça as cortinas. Tem um primo dono de papelaria? Peça-lhe papéis. Mobilizar as pessoas por uma causa sua não é vergonhoso, pelo contrário, elas perceberão seu empenho frente às condições adversas e certamente se orgulharão de você. Além do mais, ser apoiado nos dá forças para continuar.

cantinho infantil
O primeiro consultório em que atendi (sem contar a da clínca-escola) foi gentilmente cedido por uma amiga formada. Ela não me cobrou um centavo pelos atendimentos que realizei, foi um incentivo e tanto. Depois montei um consultório nessas condições em que citei acima, com bastante criatividade. Hoje atendo numa clínica de saúde, mas ainda quero muito mais. O ambiente do consultório conta muito, porém a atitude do profissional conta muito mais. A postura acolhedora e a firmeza da psicóloga é que farão a diferença - contudo, o ambiente apropriado sem dúvida vai complementar o acolhimento do paciente. Afinal, ele pode "relevar" alguma falha no ambiente, mas a falha na postura da profissional pode destruir em segundos o andamento da psicoterapia.  

sábado, 20 de outubro de 2012

Por que é difícil dar limites aos filhos hoje?

Texto publicado dia 19/10/2012 no Jornal Opinião - Francisco Beltrão, PR.

        
         Hoje, é comum vermos crianças gritando, correndo e desobedecendo em restaurantes, supermercados, locais públicos (além de fazerem isso também em casa), sem horário para dormir, comendo o que querem. É comum vermos adolescentes pendurados no facebook e msn ao menos 4 horas por dia, desinteressados pelos estudos ou trabalho, desconhecedores dos protocolos sociais (documentos, impostos, contas) ou que tenham e cumpram obrigações domésticas em casa, como lavar a louça ou pagar uma conta no banco. Para constatar essas afirmações, basta sentar com uma mãe para tomar um chimarrão – e conversar. Também ouvimos isso nos consultórios, congressos, livros. Os pais, ao que parece, estão perdidos sobre os limites que devem aplicar a seus pequenos ou adolescentes... o que seria uma novidade, já que a geração anterior demonstra ter colocado rédeas nos filhos. Por que isso está acontecendo com os pais de hoje? Vamos tentar responder essa pergunta de forma objetiva, evitando, entretanto, a superficialidade. 
        Primeiramente, os pais sentem culpa por trabalhar fora o dia todo. Então, tentam compensar seus filhos, lhes poupando outras frustrações, fazendo e/ou dando quase tudo o que eles querem. Ou seja, criam um mundo perfeito para eles (quem não queria fazer tudo o que quer e ter tudo o que quer?). Só que o mundo aqui fora não é perfeito e, se seus filhos não aprenderem a lidar com frustrações dentro de casa, pior será lidar fora dela. 
         Em segundo lugar, os pais também acreditam que, se o jovem fica frustrado, é porque eles, pais, cometeram algum erro. Mais uma vez, o excesso de culpa que os pais vêm carregando. Um bom remédio para sanar essa culpa é o diálogo, tente conhecer mais o seu filho, saber o que ele gosta, os amigos com quem sai, o que ele pensa e faz. Conversem, passeiem, viajem, joguem bola juntos. Você vai perceber que aquela chateação do seu filho, lá no fundo, não tinha tanto a ver com você. 
            Em terceiro e último lugar, nossa própria sociedade está sem limites e sem referências. Vivemos num modelo de capitalismo tecnológico cujas instituições de base, que têm a função simbólica de lei, estão desregradas e falidas (sem credibilidade). Um modelo caracterizado pela enxurrada de informações, pela velocidade, efemeridade e superficialidade. E nossas relações são, consequentemente, assim delimitadas. Conduzimos nossas vidas num ritmo frenético, desprovido de tempo para maiores reflexões e aproveitamento de qualidade dos relacionamentos. Quanto às instituições, vemos que no Estado, temos roubalheira, falta de ética e de punição; as Famílias estão adotando novos modelos, há muito “junta-aqui”, separa lá, filhos daqui e de lá, o que requer um suporte afetivo que nem sempre ocorre; as Igrejas sofrem com os padres pedófilos e os pastores ladrões; as Escolas não conseguem mais dar conta de um papel que não é delas, tendo que dar a educação doméstica que os pais não tem tempo de ensinar aos filhos. Enfim: ninguém sabe direito o que é “certo” e... “tudo pode”, tudo que acontece ou se faz acaba por ser “normal”. Consciente ou inconscientemente, o modelo de sociedade em que estão inseridos, irá influenciar esses pais. 
        Nossa sociedade está perversa e demanda muitas horas de trabalho, e não há como compensar os filhos por isso, os trancando numa bolha perfeita. O limite ou o “não”, gera frustração. Por sua vez, a frustração ensina a tolerância. E é por meio da tolerância que se edifica pessoas mais humanas e resistentes psiquicamente. Os futuros adultos devem estar minimamente preparados para os desafios, tropeços e tragédias da vida, que serão encarados com mais força e equilíbrio - se quando crianças tiverem limites. A experiência da frustração é vital para a formação de um adulto normal, capaz de respeitar e de tolerar.

domingo, 14 de outubro de 2012

Abuso sexual: como identificar um pedófilo e tratar a criança abusada

Texto publicado no Jornal de Beltrão em 05/10/12 e no Jornal Opinião em 11/10/12 (http://www.jornaldebeltrao.com.br/artigos/as-recentes-contribuicoes-da-psicologia-e-medicina-no-diagnostico-de-abusos-sexuais-79021)

      
       Crianças que sofreram ou sofrem abuso sexual, em geral, permanecem em silêncio. Sentimentos como vergonha, medo de retaliação por parte do abusador e até a falta do entendimento de que está sendo violentada fazem a criança ou pré-adolescente se calar diante dos abusos, por vezes contínuos, de pessoas em 80% dos casos próximas ou parentes. Os danos psicológicos em decorrência deste ato são graves e podem afetar o futuro adulto de forma permanente. Contudo, diante do silêncio dos pequenos, o que podemos fazer para prevenir que eles sejam abusados e, ainda, como tratá-los?
      Pesquisas no ramo da psicologia nos mostram que os abusadores, quando confrontados, justificam suas ações tanto para a criança como para os adultos dizendo que seu abuso tem objetivo "educativo", como se, ao abusá-las, estivessem "ensinando" sobre sexo (total absurdo); ou que a criança o encorajou ou o seduziu. Manipulam-na bem, pedindo segredo sobre seu ato, e confundem seus sentimentos, fazendo emergir na criança ou pré-adolescente uma mistura de raiva, medo e amor. Imatura emocionalmente, a criança acaba por não se defender.
        Como identificar um pedófilo? Ainda segundo estudos da psicologia, os abusadores frequentemente são do sexo masculino, sendo raras as ocorrências em mulheres deste transtorno mental e sexual. Em geral, são pessoas aparentemente normais, têm emprego estável, convivem com os outros sem maiores problemas. Mas têm algumas peculiaridades: eles preferem carreiras que propiciem o contato com os pequenos ou então se engajam em atividades com eles; gostam de ganhar sua confiança e a dos pais; têm dificuldade nas relações interpessoais com pessoas de idade apropriada; elevado nível de agressividade-passiva; e também podem colecionar pornografia infantil. Apresentam, comumente, sentimentos de inferioridade, solidão, inadequação, baixa autoestima, disforia. Mais da metade deles são portadores de outras transtornos sexuais (parafilias) e psiquiátricos (de 50 a 60% têm transtornos afetivos, de 70 a 80% têm transtornos de ansiedade e de 70 a 80% têm transtorno de personalidade).
       Estudos médicos recentes, do PHD Jorge Ponseti, da Seção de Medicina Sexual da Universidade de Kiel, na Alemanha,  publicados na revista 'Archives of General Psychiatric", apontam a ressonância magnética como um instrumento valioso no complemento diagnóstico. Houve uma porcentagem de 95% de acerto, a partir da comparação com um grupo controle, sobre a reação do primeiro segundo frente a imagens de cunho sexual. Outros estudos de 2007, do PHD James Cantor, psicólogo clínico, também apontaram características diagnósticas do pedófilo, porém hoje se mostram inconclusivos.
        Apesar desses indicadores, o diagnóstico só pode ser feito por uma equipe multiprofissional especializada. A observação geral da criança ainda é o fator mais importante a que os pais podem ficar atentos. Se a criança passa a evitar um certo adulto que antes gostava ou verbaliza sobre assuntos relativos a sexo, ou ainda sobre algum contato íntimo, é fundamental encaminhá-la a um pediatra, para averiguar se houve dano às suas partes íntimas, e buscar o auxílio de uma psicóloga, dada a sua capacidade reduzida de se expressar verbalmente.
       Às vezes, o contato intrusivo por parte do abusador se reduz a carícias ou manipulação genital, e somente o depoimento da criança poderá ser a prova do abuso sexual. A ludoterapia e a psicoterapia poderão ser bons aliados das vítimas e da família, sobre como lidar e superar o ocorrido.

sábado, 6 de outubro de 2012

O ser humano adora a si mesmo


Texto publicado ontem no Jornal Opinião, onde inaugurei uma nova coluna, chamada "Fale com a Psicóloga".Falo sobre como nós, humanos, adoramos nossa própria espécie.  Confiram o texto de abertura.


 "Nós merecemos uma coluna sobre nós!

             É com prazer que inauguro esta nova coluna aqui no Jornal Opinião. O nome da coluna, 'Fale com a psicóloga', por si só, já pretende transmitir um ar de aproximação com os leitores, que poderão sugerir  temas, enviar perguntas sobre questões de seu cotidiano, dificuldades emocionais ou dúvidas. Nós, seres humanos, em geral temos uma paixão em comum: falar sobre nós mesmos, ou sobre os outros (confesse se você não adora saber o que acontece na casa do vizinho, do parente ou das celebridades). E isso ocorre por um motivo simples: adoramos tudo que é relativo a nossa espécie, até porque precisamos uns dos outros.
            Todas as formas de arte, o ápice da expressão humana, anunciam nitidamente essa necessidade e essa curiosidade que temos por pessoas - fazemos filmes, novelas, poemas, livros, tudo sobre nós. Logo, nos interessa, por exemplo, compreender o porquê dos comportamentos. E é aí que se encaixa a proposta desta nova coluna: contribuir para a felicidade do leitor, na tentativa de promover um espaço para reflexões sobre nós mesmos. Entender os motivos alheios, e os nossos próprios, para atitudes às vezes inexplicáveis, estranhas, transgressoras, contraditórias - alivia e cura. Melhora nossas relações e nos faz mais felizes.   
             Psicólogas são cientistas do comportamento. A psicologia é a ciência que estuda as condutas / comportamentos, suas disfunções e maneiras ou técnicas para tratamento, abarcando estudos da medicina e sociologia também. O curso tem uma duração mínima de cinco anos e tem grande reconhecimento em países como Estados Unidos, Inglaterra e França. Este ano, comemoramos os 50 anos da institucionalização da nossa profissão no Brasil. Por isso, achei importante relembrar que psicólogo não é exclusividade de “doidos”, ok? Atendemos gente, não importa o tipo de problema que tiver. Até porque, problema todo mundo tem.
            Diferentemente da medicina, que trata o paciente quando a patologia já se instalou, a psicologia tem também um caráter preventivo – aquele probleminha que te aperreia frequentemente, que aparentemente é “bobo”, ou que você diz que “vai passar com o tempo”, se tratado no consultório, pode lhe poupar um futuro transtorno mental, como a depressão, o TOC, entre outros. Ir ao psicólogo é uma questão de saúde, não de luxo, e sem dúvida aumenta e muito a qualidade de vida das pessoas e pode evitar o princípio ou o excesso de medicalização. 
            Felizmente, a procura às psicólogas está cada dia maior, o que mostra que a desinformação e o preconceito em relação a nossa profissão estão sendo quebrados, inclusive pela própria classe médica - médicos atualizados reconhecem a importância do acompanhamento multidisciplinar e encaminham seus pacientes para nós.  
            Sou recifense e resido aqui em Francisco Beltrão há dois anos e meio, onde tenho consultório. A realidade cultural e econômica daqui é bem diferente da qual estava habituada (embora me seja algo familiar, pois meu pai é gaúcho). Porém, aprendi a amar os aspectos díspares entre essas duas cidades, e uma coisa importante também pude aprender: gente é gente em qualquer lugar. Os problemas, as angústias, as dúvidas que recebo no consultório daqui, pouco variaram em relação aos que recebia no de lá. Pessoas querem ser felizes, pessoas querem angariar sentidos para a vida, querem melhorar suas relações, querem se entender. Pessoas querem ser ouvidas. Pessoas querem ser amadas.  E é nesse contexto universal de anseios humanos que pretendemos edificar essa coluna para vocês. Nós, pessoas, somos fantásticas sim, e merecemos uma coluna sobre nós. Todas as sextas teremos um encontro marcado aqui. Recebam meu empenho e carinho."

Introdução ao Blog

Blog é algo que todos que gostam de escrever, hoje em dia têm. Faz tempo que amigas me sugerem para abrir um blog profissional, e finalmente senti essa necessidade em mim, que sou blogueira há 7 anos (blog pessoal). Aqui publicarei textos meus já publicados em jornais, novidades sobre a psicologia, pesquisas afins, e textos com minhas opiniões acerca de tudo que for relativo a essa ciência incrível. Sou psicóloga formada há 4 anos e apaixonada por minha profissão. Minha história com a psicologia começou aos 11 anos e ela me auxiliou durante quase toda a minha adolescência e vida adulta. Penso que me tornei uma pessoa melhor por isso e, sem dúvida, essa foi a minha maior motivação para ser psicóloga também. Hoje, vejo a diferença que essa ciência faz na vida dos meus pacientes. O endereço "queremospsicologia", portanto, já está explicado: nós queremos a psicologia, por uma vida melhor. A todos que compartilham do mesmo desejo, bem-vindos a este blog!